O Japão é percepcionado como um país caro, mas a realidade é muito diferente. Consegue-se ir muito longe apenas com uns tostões*.
Quando falamos sobre o Japão, a curiosidade dos meus amigos é muita. Tanta que para se refrearem de ir logo de seguida comprar um bilhete de avião, interrompem a conversa com a típica frase “Mas deve ser muito caro”, ou “É preciso ter dinheiro” (a minha preferida).
Confesso que a primeira vez que fui ao Japão, muni-me de cartões de crédito com plafond consideráveis e pensei que os iria ficar a pagar até ao ano seguinte.
Regressei com uma ideia muito diferente, e mais importante, com muito mais dinheiro do que esperava.
Não quero com isto dizer que o Japão não tem um nível de vida mais elevado do que outros destinos turísticos, mas é possível fazer uma viagem ao Japão com o mesmo orçamento de uma viagem ao Brasil ou mesmo a Cabo Verde. Arriscaria mesmo a dizer que pode ficar, pelo menos, ao mesmo preço do que 15 dias no Algarve no meio de Agosto e com praia incluída.
E para além do mais, vale cada tostão.
No Japão, o mais caro são os transportes e a hospedagem.
Os transportes são muito eficientes, limpos e seguros e isso tem um preço, que já não é tão discrepante comparativamente com os de Portugal.
A hospedagem é cara, porque o espaço disponível para habitação no Japão é muito reduzido (cerca de 20% do país é que é habitável), o que torna o metro quadrado no Japão um dos mais caros do mundo. Aliás, no auge do boom económico dos anos 80 um quarteirão em zonas como Ginza chegaram a ser mais valiosos do que o valor imobiliário de certos estados americanos. Diz-se que nessa altura a área do palácio imperial valia mais do que todos os imóveis da Califórnia.
Talvez tenha vindo daí a percepção de que o Japão era um destino caro.
No entanto há alternativas muito acessíveis.
Em termos de hospedagem há um serviço, que já mencionei num dos meus artigos, denominado Yokoso Japan nos aeroportos e estações da JR (Japan Railways) que ajudam a encontrar e reservar quartos para estrangeiros até um tecto máximo de 8.000 ienes por noite (sensivelmente 65€).
Nos transportes há o JR Pass para os turistas, que tornam as deslocações entre cidades no Japão bastante acessíveis e cómodas. Há também incentivos a descontos nos voos internos para quem compre um voo internacional para o Japão.
Em termos de acesso a eventos culturais, acesso a museus, e atrações turísticas, depende um pouco do nível do evento em questão. Vão muitas vezes do gratuito até, em raros casos, aos milhares de ienes.
Mas é na alimentação que vem a grande surpresa.
Ao contrário do que se pode pensar no ocidente, no Japão não se come sushi todos os dias. E mesmo o sushi, outrora uma refeição inacessível ao comum dos japoneses, é hoje em dia muito em conta.
O que gosto mais de comer no Japão são os Ramen e Soba.
Felizmente essa moda começa a chegar a Portugal, o que fará com que os preços cá cheguem a valores mais aceitáveis.
No Japão é normal comer uma refeição de Ramen por menos de 1000 ienes (sensivelmente 8€), por isso, apesar de já existirem cá uns bons restaurantes de Ramen, custa-me pagar o dobro ou mais por uma tigela de Udon com 3 fatias de porco num caldo de peixe.
Recentemente vi uma reportagem na NHK (canal japonês de televisão) que falava exatamente dessa realidade, como os japoneses recusavam-se a pagar tanto por um Ramen. Nessa reportagem um deles dizia que custava-lhe pagar mais de 6 dólares por um Ramen!
Em São Francisco, a mesma cadeia de restaurantes de Ramen cobrava 39 dólares por uma porção com wagyu (carne de vaca japonesa), enquanto no Japão o valor era de metade. E mesmo assim, no Japão 70% dos clientes eram turistas.
Isto para dizer, que fiquei muito surpreendido por comer muito bem no Japão por tão porco, perdão, pouco.
*Para os mais novos, tostões não são tostas gigantes, mas sim uma fração (10 centavos) da antiga moeda portuguesa: o escudo. Como reavivaram os paus em relação aos Euros, lanço aqui o desafio de designarem tostões às moedas de 10 cêntimos.
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